sexta-feira, 7 de março de 2014

Greve nos Correios e a inversão de prioridades



A greve dos carteiros afeta diretamente a vida de quase todos os brasileiros. São milhões de faturas, documentos e encomendas que não estão chegando aos seus destinatários, acarretando transtornos e prejuízos dos mais diversos. Pessoalmente, sou um usuário constante dos serviços da estatal e nesse texto quero mostrar que devemos ser solidários aos funcionários grevistas, pois trata-se de uma causa mais que legítima.

Para quem não sabe, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma organização de propriedade do Estado Brasileiro. Mesmo assim, o seu lucro anual alcança um patamar próximo dos 5 bilhões de reais. Não é por acaso que as mais variadas modalidades esportivas contam com patrocínio da empresa azul, branca e amarela: esse montante precisa ir pra algum lugar. Para efeito de comparação, destacamos o lucro líquido do Grupo Pão de Açucar - maior varejista do país - que foi, em 2013, de 1,8 bilhão de reais. Menos da metade do número da empresa pública.

Todavia, não questionaríamos esses ganhos se enxergássemos investimentos em infra-estrutura e capital humano. Só que observamos exatamente o oposto: condições arcaicas de logística e colaboradores sobrecarregados. E, como se isso fosse pouco, atentem-se ao motivo da greve: querem modificar o plano de saúde para os funcionários - que atualmente é gratuito e gerido pelos próprios Correios - para que passe a ser administrado por uma empresa terceirizada, gerando mensalidade e custos adicionais por consultas e exames.

É inaceitável que uma empresa estatal, detentora de monópolio, cuja prioridade teoricamente deveria ser prestar bons serviços a população - e com condições adequadas de trabalho - queira retirar um benefício do seu trabalhador justo no período de maior lucro de sua história. O que é mais barato: oferecer aos carteiros tranquilidade quanto a assistência em caso de problema com saúde ou patrocinar uma infinidade de modalidades esportivas? Esse é um questionamento tão óbvio que sequer merece resposta. É mais uma inversão de prioridades, problemática que, felizmente, o brasileiro começou a acordar e combater.

Artigo de opinião escrito por Arnaldo Mascarenhas Arraes Lage