segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Artigo de opinião: Neoliberalismo travestido de social-democracia




No mundo moderno, duas ideologias predominam entre os governantes: o neoliberalismo e a social-democracia. Neste artigo irei sintetizar o que cada um representa e traçar um paralelo com o que vivemos no Brasil.

O primeiro é um sistema considerado de direita que restringe ao máximo a participação do Estado na vida das pessoas. O governo intervém minimamente na economia, adota uma política de privatizações e simplifica as regras econômicas. Os defensores desta corrente afirmam que ela proporciona um mercado mais competitivo, preços mais baixos devido a possibilidade de uma concorrência mais ampla entre as empresas, além de um maior desenvolvimento tecnológico. Assim, a carga tributária é mínima, pois quase tudo depende da iniciativa privada.

Já a social-democracia busca uma transição entre o sistema capitalista e o socialista, sem que haja efetivamente uma revolução, mas sim através de políticas voltadas para reduzir as desigualdades sociais. Portanto, nesta forma de se governar, o Estado tem uma participação intensa na vida das pessoas. Os governos sociais-democratas são de esquerda e diferentemente dos neoliberalistas, tem a obrigação de oferecer para o povo: escolas, hospitais e os mais variados serviços para que a sociedade viva em harmonia. O preço disso é o pagamento de impostos mais elevados. 

Em tese, no Brasil, vivemos numa social-democracia. Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Nós brasileiros trabalhamos quase metade do ano - mais precisamente 150 dias - somente para pagar impostos. A contra-partida do Estado brasileiro, por outro lado, é irrisória. Os hospitais públicos, via de regra, nos dão um atendimento - quando dão - desumano. A educação pública não funciona como desejável. As rodovias têm um péssimo estado de conservação. Pagamos caviar, mas recebemos sardinha. 

Pessoalmente, me identifico mais com a ideologia esquerdista. Penso que um país como o Brasil, com tantas carências, não está preparado para o pragmatismo do sistema neoliberal. Todavia, é ele que hoje nos guia, com um agravante: não temos uma carga tributária condizente com os serviços prestados pelo Estado. Assim sendo, seria honesto uma redução drástica nos impostos, para que as pessoas possam buscar no privado - com menos sufoco - aquilo que o público, teoricamente, deveria oferecer. Inviável é viver o pior dos dois mundos, pagando sempre duas vezes: ao governo e à iniciativa privada.

Escrito por Arnaldo Mascarenhas Arraes Lage